Proteína é a moda da vez: Será que todo mundo precisa da suplementação?
- Francisco Campos

- 24 de jun.
- 3 min de leitura

Nunca se falou tanto em proteína como nos últimos anos. Basta uma rápida caminhada pelo supermercado para perceber: barrinhas proteicas ocupam prateleiras inteiras, shakes de whey protein se tornaram quase obrigatórios nas academias, e até produtos tradicionalmente carboidratos, como pães e biscoitos, agora ostentam versões "hiperproteicas" em suas embalagens.
Essa verdadeira onda da suplementação proteica levanta uma questão fundamental: será que realmente precisamos de tanto? E mais importante: essa tendência está ajudando ou prejudicando nossa saúde?
A explosão do mercado de proteínas: números que impressionam
O mercado de suplementos alimentares no Brasil movimentou bilhões de reais em 2023, sendo os suplementos proteicos responsáveis por grande parte desse crescimento. Whey protein, caseína, proteína vegetal, barrinhas proteicas - a variedade é enorme e o apelo comercial, irresistível.
Redes sociais amplificaram ainda mais essa tendência. Influenciadores fitness promovem diariamente o consumo de suplementos proteicos, criando a impressão de que são indispensáveis para qualquer pessoa que busque saúde e boa forma física.
Proteína: essencial, mas em que quantidade?
A proteína é, sem dúvida, um macronutriente fundamental. Ela participa da construção e reparação de tecidos, produção de enzimas e hormônios, além de contribuir para a sensação de saciedade. Mas isso não significa que mais é sempre melhor.
A necessidade proteica varia significativamente entre indivíduos. Fatores como idade, sexo, nível de atividade física, estado de saúde e objetivos específicos devem ser considerados antes de qualquer suplementação.
Para a população geral, a recomendação básica gira em torno de 0,8 a 1,2 gramas de proteína por quilograma de peso corporal por dia. Praticantes de atividade física podem necessitar de quantidades maiores, variando entre 1,2 a 2,0 g/kg, mas raramente além disso.
Os riscos do excesso: quando a proteína se torna problema
Sobrecarga renal: Os rins são responsáveis por filtrar os produtos da metabolização proteica. O excesso pode sobrecarregar esses órgãos, especialmente em pessoas com predisposição a problemas renais;
Desequilíbrio nutricional: Focar excessivamente em proteínas pode levar ao negligenciamento de outros nutrientes importantes, como vitaminas, minerais e fibras;
Problemas digestivos: Muitas pessoas relatam desconforto gastrointestinal, constipação e alterações na microbiota intestinal quando consomem grandes quantidades de suplementos proteicos;
Ganho de peso indesejado: Proteína também tem calorias. O excesso pode contribuir para o ganho de peso se não houver ajuste no consumo total de energia.
Quando a suplementação faz sentido
A suplementação proteica não é desnecessária para todos. Existem situações específicas onde ela pode ser benéfica:
Atletas de alta performance com demandas energéticas e proteicas muito elevadas;
Idosos com dificuldades para atingir necessidades nutricionais através da alimentação;
Pessoas com restrições alimentares severas ou condições médicas específicas;
Indivíduos em processo de reabilitação após cirurgias ou doenças.
O importante é que essa decisão seja sempre orientada por profissionais qualificados. Afinal, cada caso é único e merece avaliação individualizada.
A importância dos alimentos naturais ricos em proteína
Antes de recorrer aos suplementos, vale lembrar que diversos alimentos naturais são excelentes fontes de proteína de alta qualidade, como:
Proteínas animais: carnes magras, peixes, ovos, laticínios oferecem perfil completo de aminoácidos essenciai;
Proteínas vegetais: leguminosas (feijões, lentilhas, grão-de-bico), quinoa, amaranto e oleaginosas são opções nutritivas e sustentáveis.
Esses alimentos fornecem não apenas proteína, mas também vitaminas, minerais e outros compostos bioativos importantes para a saúde.
O papel fundamental do acompanhamento profissional
No Instituto FC, localizado em Brasília, a abordagem é sempre personalizada. Aqui, por meio da avaliação de profissionais qualificados, como a nutricionista Ana Júlia Abdalah e o endocrinologista Dr. Henrique Neto, realizamos uma avaliação completa do paciente, considerando seus hábitos alimentares, estilo de vida, exames laboratoriais e objetivos específicos antes de recomendar qualquer intervenção nutricional ou endócrina.
A onda da suplementação proteica reflete uma sociedade em busca de soluções rápidas para questões complexas. Embora a proteína seja fundamental para nossa saúde, sua suplementação indiscriminada pode trazer mais prejuízos que benefícios.
O segredo está no equilíbrio: consumir proteína suficiente para suas necessidades individuais, priorizando fontes alimentares variadas e nutritivas, e recorrendo à suplementação apenas quando realmente necessário e sob orientação profissional.
E lembre-se: não existe fórmula mágica universal. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. Por isso, antes de aderir à moda da vez, busque orientação profissional qualificada.







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